segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Trânsito mata ou fere uma pessoa a cada meia hora

07 de novembro de 2009

Estado de Minas
Estudo da BHTrans, feito durante três anos, mostra que a violência nas avenidas e ruas da capital, causada principalmente pela imprudência, exige medidas urgentes

por Paulo Henrique Lobato

Uma pessoa se envolve em acidente de trânsito nas ruas e avenidas de Belo Horizonte a cada meia hora. É o que mostra estatística da BHTrans referente a três anos consecutivos: 17.636 (média diária de 48,3), em 2005; 18.209 (média de 49,8), em 2006; e 20.055 (média de 55), em 2007. Nesse acumulado, ocorreram 614 mortes, número subestimado, pois os dados se referem às pessoas que perderam a vida nos locais das ocorrências. A planilha não leva em conta quem morreu a caminho dos hospitais ou nos leitos de internação.
Quarenta e cinco por cento das 614 mortes - ou 277 - ocorreram em 2007. A quantidade de vidas perdidas naquele ano acendeu a luz amarela de um indicador que não pode ser desprezado pelo poder público e pela população. Trata-se da taxa de mortalidade para cada 10 mil veículos, que ficou em 2,22. Ela está no limite, pois o recomendável pelos organismos mundiais é de que não chegue a 2,25. A BHTrans ainda não fechou as estatísticas de 2008 e 2009, pois a planilha anual é feita com base em dados repassados pelo Departamento Estadual de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), o que ainda não ocorreu.
De qualquer modo, o balanço divulgado serve de alerta tanto para o poder público, que precisa aumentar a fiscalização contra motoristas e pedestres que não respeitam mais leis e sinalizações de trânsito. Nessa sexta-feira pela manhã, por exemplo, uma carreta de Matias Barbosa, na Zona da Mata, trafegou 800 metros na contramão na Avenida Antônio Carlos, um dos principais corredores da capital, em pleno horário de pico. O veículo bateu em oito carros. Militares que atenderam a ocorrência suspeitaram que ele estava sob efeito de alguma substância.
A estatística da BHTrans não leva em conta também o período posterior à Lei 11.705/08, a chama Lei Seca, em vigor desde 20 de junho de 2008. Mas, no primeiro aniversário da legislação, o governo federal divulgou estudo mostrando que ela não ajudou a reduzir a quantidade de acidentes em BH, conhecida como capital dos botecos. A pesquisa, feita pelo Ministério da Saúde, apurou que o número de acidentes no município cresceu 5,14% na comparação entre os seis meses posteriores à Lei Seca e os seis meses anteriores. Foram 225 ocorrências contra 214.
O aumento foi na contramão da média nacional, que registrou queda de 14,43%. O ministério não informou os tipos de veículos envolvidos nessas ocorrências. A BHTrans também não discriminou marcas ou modelos no balanço de 2005 a 2007. Mas tanto os agentes de saúde quanto os de trânsito ressaltam a preocupação com os motociclistas e garupas, pois são a maioria entre as vítimas de acidentes de trânsito levadas atendidas no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. O último dado da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), entidade responsável pelo João XXIII, informa que, entre janeiro e outubro deste ano, 6.169 motociclistas e garupas passaram pelo HPS.
O número foi muito maior do que os 2.720 motoristas e passageiros de outros tipos de veículos encaminhados ao hospital no mesmo período. Na comparação com os anos anteriores a diferença também é grande. Em 2007, 7.757 pacientes deram entrada no João XXIII vítimas de acidentes com motos. No mesmo ano, os médicos atenderam 3.881 pessoas que se feriram em batidas de carro. Em 2008, foram 8.447 contra 3.368. Parte do aumento de acidentes envolvendo motociclistas e garupas é explicada pelo aumento da frota de veículos de duas rodas em BH. Para ter uma ideia, enquanto o total de carros cresceu 30,5% em quatro anos (de 601.962, em 2004, para 785.904 em 2008), o de motos subiu 74,6% no mesmo período, de 75.495 para 131.800.

QUESTÃO PÚBLICA
O diretor de Ação Regional e Operações da BHTrans, Edson Amorim, avalia que os acidentes envolvendo motociclistas deixou de ser um problema e se transformou, como ele classifica, numa questão pública. ''É quando o governo não consegue resolver o problema sozinho. Precisa do envolvimento da sociedade. As motos não representam cerca de 20% da frota de BH, mas (os motociclistas e garupas) correspondem a 50% dos mortos. Isso é muito grave."
O motociclista Francisco Rafael Pereira, de 23 anos, foi levado dia 2 ao HPS depois de se acidentar no Anel Rodoviário. ''Um motoqueiro caiu na pista e o motorista do Corsa que vinha atrás freou bruscamente para não atropelá-lo. Eu, que estava atrás, não consegui parar e bati na traseira do carro. Tive fraturas expostas no braço e na perna. Passei por cirurgia no fêmur e, na próxima semana, vou operar o ombro. O médico calcula que volto a andar daqui a quatro meses", diz o rapaz, que passa o dia conversando com os colegas que conheceu na enfermaria do HPS, a maioria vítima de acidente com moto.

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