Mapa da Violência 2012, do Instituto Sangari, mostra que são
7,1 óbitos a cada 100.000 habitantes
Mariana Czerwonka
O Brasil só perde para o Paraguai em número de motociclistas
mortos.
Esta semana um estudo inédito mostrou o quanto andar de moto
no Brasil é perigoso. A chance de se envolver em acidentes de trânsito é 14
vezes maior do que estando de carro. “O brasileiro tem uma baixa cultura de
segurança, e aceita o risco de dirigir com desatenção, de forma negligente e
sem foco nos perigos que podem ocorrer no trânsito”, afirma o professor da
Universidade de Brasília (UnB) David Duarte Lima, doutor em Segurança de
Trânsito.
Segundo o estudo denominado Mapa da Violência 2012,
realizado pelo Instituto Sangari, o Brasil é o segundo país no mundo em número
de vítimas fatais de acidentes de motos, só perdendo para o Paraguai. São 7,1
óbitos a cada 100.000 habitantes. Em 15 anos a taxa de mortalidade sobre duas
rodas cresceu mais de 800%. “A motocicleta é um veículo que tem suas
especificidades e por isso deve ser tratada como tal. É necessário que haja uma
legislação, sinalização e fiscalização apropriadas. Enquanto o poder público
não olhar com a devida atenção para o veículo de transporte individual que mais
cresce no Brasil, as barbáries continuarão acontecendo”, defende Lucas
Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas (ABRAM).
Especialistas afirmam que o crescimento assustador da frota
de motocicletas contribui para esses números. De acordo com dados do Denatran,
hoje são mais de 18 milhões de motocicletas em circulação no país. Este número
representa 25% de toda a frota nacional. Na última década o crescimento foi de
246%. “A facilidade em adquirir este veículo, o poder aquisitivo do brasileiro
que aumentou e as vantagens econômicas e de mobilidade, fizeram com que a frota
de moto tivesse esse boom no Brasil” diz, Elaine Sizilo, especialista em
trânsito e consultora do Portal.
Um dos grandes problemas nas cidades brasileiras é o tráfego
das motos nos corredores. Nesse quesito o Brasil faz parte da minoria, é um dos
poucos países no mundo que permite a circulação de motos entre os carros. Nos
EUA, por exemplo, os índices de morte equivalem a um quarto dos óbitos
registrados nas vias brasileiras. Lá as motos só podem andar atrás dos demais
veículos.
Lucas Pimentel não acredita que proibindo o tráfego de motos
nos corredores no Brasil diminua o problema. “Essa definitivamente não é a
questão crucial no nosso país. Nós da Associação, defendemos que é muito mais
seguro transitar ao lado dos automóveis do que atrás deles, pois o campo de
visão do motociclista fica prejudicado. Nesse caso, um buraco ou um objeto na
pista pode levar a um grave acidente”, afirma Pimentel. Para ele, o maior
problema é o número de motociclistas que dirige sem habilitação. “Hoje a
legislação não obriga a apresentação da CNH para a compra da moto, por isso
muitos compram o veículo e antes de se habilitar já estão nas ruas e sem
conhecimento nenhum”, explica.
O problema seria amenizado se houvesse investimento em
conscientização, educação e fiscalização. “Enquanto o motorista olhar para a
moto como um veículo intruso- que não deveria estar ali- estas tragédias
continuarão ocorrendo. É claro que o motociclista deve respeitar as leis, a
sinalização e utilizar os equipamentos de segurança, mas o essencial mesmo é um
grande investimento em educação para todos os usuários do trânsito”, conclui
Pimentel.
Página Publicada em: maio, 9 de 2012 as 9:36 am. Na
Categoria: Reportagens Especiais
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