segunda-feira, 9 de junho de 2008

Motorista bêbado confunde delegacia com banheiro

Vitor Polanczyk dormiu por cerca de uma hora na delegacia
e, quando acordou, urinou na recepção

Homem foi detido após bater o carro no cordão da calçada, na Capital

Depois de dirigir em ziguezague pelo trânsito da Capital, um motorista bateu o veículo no cordão da calçada e, encaminhado à delegacia, dormiu e urinou junto ao balcão da recepção. Apesar de apresentar sinais de embriaguez, de acordo com agentes de trânsito que atenderam à ocorrência, Vitor Fernando Polanczyk, 28 anos, precisou se submeter a dois exames clínicos para que fossem atestados os efeitos do álcool.
Polanczyk seguia em seu Palio pela Avenida Loureiro da Silva, no bairro Cidade Baixa, quando perdeu o controle da direção. Acionados, por volta das 8h de ontem, agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e da Guarda Municipal constaram que ele poderia estar bêbado. Tentaram realizar o teste do bafômetro, mas o motorista não teve forças para soprar o equipamento. Encaminharam-no, então, à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento do Departamento de Polícia Judiciária de Trânsito (DPPA/Dptran).
Ao chegar, o delegado determinou que levassem Polanczyk ao Departamento Médico Legal (DML) para a realização de exames que comprovassem a embriaguez. No local, foi feito um exame clínico, onde o médico perito declarou que ele "não se encontrava em estado de embriaguez alcoólica, tendo, contudo, ingerido bebidas alcoólicas recentemente". Também foram colhidas amostras de sangue e de urina, mas não há previsão de quando os resultados ficarão prontos. De volta à delegacia e sem a confirmação de que estava bêbado, o motorista poderia ser liberado depois que prestasse depoimento.
Entretanto, enquanto o delegado ouvia os agentes de trânsito, Polanczyk dormiu no banco da delegacia, curvado e com as mãos nos bolsos. Cerca de 40 minutos a uma hora depois, os policiais tiveram dificuldade em acordá-lo. Ao se levantar, ainda sonolento, o motorista virou-se para o balcão da recepção e urinou.
- Ele estava sem condições de prestar depoimento. Então, decidimos aguardar, para que ele se recuperasse. De repente, ele urinou. Eu disse que não estava normal e determinei que ele fosse encaminhado para a realização de outro exame clínico - contou o delegado Francisco Soares.
Após pagar fiança de R$ 1,5 mil, foi liberado
No DML, cerca de duas horas e meia depois, o mesmo médico perito de plantão atestou, no segundo laudo, estado de embriaguez alcoólica. Na delegacia, ele foi autuado em flagrante, pelo delegado Gilberto de Almeida Montenegro da Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito. A carteira de habilitação de Polanczyk foi retida e será encaminhada ao Departamento Estadual de Trânsito. No fim do dia, ele pagou fiança de R$ 1,5 mil e foi liberado.

Cochilo foi determinante
A necessidade de se realizar dois exames para comprovar o estado de embriaguez de Polanczyk não surpreendeu a diretora do Departamento Médico Legal (DML), Débora Vargas de Lima. A diferença entre os testes está ligada, segundo ela, a um ponto importante: o sono.
No primeiro exame, por volta das 8h, o motorista não apresentava sinais de embriaguez porque, de acordo com Débora, vinha de longo período sem dormir e estava em estado de alerta.
- Ele tinha sinais muito leves, que não caracterizavam, do ponto de vista clínico, embriaguez propriamente dita, apenas a ingestão de bebida alcoólica. Ao falarem que ele faria o exame, a adrenalina pode ter subido, deixando-o mais atento - conta.
Quando retornou ao DML, após duas horas e meia e depois de dormir na recepção da delegacia, os efeitos do álcool estavam intensificados.
- A falta de sono favoreceu o segundo resultado. Ele chegou aqui com muita dificuldade e apresentou mais visivelmente os sinais de embriaguez, que acabaram sendo confirmados.
O exame clínico realizado em Polanczyk observou sinais como a articulação da fala, sonolência, olhos avermelhados e hálito. O resultado, segundo Débora, é muito relativo, por causa da variabilidade dos efeitos do álcool no organismo de cada pessoa.
Para a diretora do DML, a implementação da medida que prevê mais rigor contra o motorista que ingerir bebida alcoólica é necessária e diminuirá problemas como o de ontem.
- O exame clínico é falho, porque é relativo, assim como a lei é relativa. Todos nós, legistas, que vemos a violência no trânsito causada pela bebida, queremos que a lei seja alterada para índice de álcool zero. Teoricamente, esse motorista poderia voltar a dirigir depois do primeiro teste - salientou.
A lei A medida que prevê mais rigor contra o motorista que ingerir bebida alcoólica foi aprovada pela Câmara dos Deputados, em votação simbólica no dia 27 O novo texto, que precisa passar pela sanção presidencial para entrar em vigor, considera crime conduzir veículo com qualquer teor de álcool no organismo. A atual legislação prevê punição apenas para motoristas com mais de seis decigramas de álcool por litro de sangue. Se o índice for superior, o motorista poderá ser preso Com a alteração, os condutores flagrados com álcool no corpo receberão multa e correrão o risco de perder a carteira por até um ano.



Zero Hora
06 de junho de 2008

Matéria: Motorista bêbado confunde delegacia com banheiro

Editoria: Geral

Página: 50

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