terça-feira, 21 de junho de 2011

"É impossível enquadrá-lo por embriaguez ao volante", diz delegado sobre acidente envolvendo jogador do Figueirense


Trânsito | 20/06/2011 | 19h30min

Segundo Ricardo Guedes, jogador admitiu que havia ingerido cerca de 10 garrafas de cerveja antes de dirigir
Diogo Vargas | diogo.vargas@diario.com.br
Figura 1 - Foto: Leitor-Repórter/Leitor-Repórter
O delegado Ricardo Guedes, da 1ª Delegacia de Polícia de Florianópolis disse ao Diário Catarinense que não prendeu o jogador Eduardo Francisco da Silva Neto, 31 anos, o Dudu, por homicídio doloso porque não havia prova técnica que atestasse a sua embriaguez. O atleta se envolveu em um acidente de carro na madrugada do último domingo, em que morreram três dos quatro caroneiros do carro que ele dirigia, na Via Expressa Sul, na Capital.
Veja a entrevista do delegado e do dirigente do Figueirense:
Leia os principais trechos da entrevista:
Diário Catarinense: O que o jogador Dudu relatou sobre o acidente?
Ricardo Guedes: Ele relatou que era o motorista do carro, que tinha ingerido em torno de 10 garrafas de cerveja. Encontrava-se muito abalado, estava chorando. Não conseguia sequer falar com alguns parentes ao telefone. Estava bem abatido.
DC: Vinha de uma festa mesmo?
Guedes: Foi numa boate dessas aí, aqui no Centro. Foi deixar uma amiga em casa (Sul da Ilha). Aí, no retorno, aconteceu o acidente.
DC: Disse se dirigia há muito tempo?
Guedes: Ele não tem habilitação, mas dirige há muito tempo.
DC: O carro era dele?
Guedes: O carro era dele.
DC: O senhor entendeu pelo homicídio culposo. Mas por não ter a carteira e a suspeita de embriaguez não poderia haver dolo (homicídio doloso)?
Guedes: O Direito tem várias vertentes. Há quem entenda que uma pessoa, ao ingerir certa quantidade de bebida alcoólica, mais velocidade excessiva, que ela assume o risco de produzir o resultado morte. Particularidade minha: eu não aplico esse entendimento na fase pré-processual, do inquérito. Demanda mais observações, mais questionamentos.
DC: Ele admitiu também que estava em alta velocidade?
Guedes: Não. Não disse quanto estava. Estava muito abalado. Foi honesto dizendo que bebeu, mas estava muito mal.
DC: Ele não quis fazer o bafômetro?
Guedes: É isso que talvez a sociedade não entenda. A Constituição prevê que não há possibilidade de a pessoa produzir prova contra si mesmo. Ele estava embriagado. Agora eu não tenho como aferir se ele se encontrava com 0,6 decigramas de álcool por litro de sangue. É impossível enquadrá-lo por embriaguez ao volante.
DC: Mas ficou constatada a imprudência...
Guedes: Isso vai continuar pra sempre enquanto não mudar a legislação. A embriaguez eu comprovei. Só que não o atuei, pelo fato da impossibilidade dele produzir prova contra si mesmo. Todo mundo sabe que ele estava embriagado. Mas ele se recusou a fazer o bafômetro.
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